sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Garanhonas

Essa semana um amigo
me disse ter a impressão de que as mulheres estão deixando de ser sensíveis. Dias antes assistira um programa de TV em que mulheres conversavam sobre suas estratégias pra levar machos pra cama. Segundo ele, elas se comportavam exatamente como quatro machões falando de mulheres. Predadoras. Entre elas, parecia ser normal sair à caça de alguém pra ter algumas horas de prazer e no dia seguinte nem ao menos lembrar seu nome.
Mulheres vêm reproduzindo um comportamento masculino, talvez em busca de uma afirmação de igualdade, sem se questionar o quanto isso, de fato, as faz felizes.
Pular de cama em cama, geralmente, é mais garantia de uma coleção de transadas mal dadas do que de longas noites de intenso prazer. O sexo casual, pela transgressão, traz em si algo altamente excitante. Mas, prazer, de verdade, se consegue com a continuidade. Intimidade é algo que leva tempo.
Muitas mulheres já me relataram sensação de vazio depois de uma noite de sexo por sexo. Homens também.
Além de reproduzir o comportamento predador mais tipicamente masculino, elas reproduzem também a contação de vantagem. Sabe aquela história de só tem graça se contar? É isso. Em meio a essa fantasia toda, acabamos sem saber o que de fato acontece.
Outro dia, alguém do Facebook sugeriu uma interessante brincadeira de perguntas e respostas. Começamos bem. Ri muito com as primeiras trocas. Em três minutos o mural do FB se transformou numa vitrine da vida sexual de três ou quatro mulheres que resolveram se expor. Rapidamente aquele que lançou a brincadeira se aborreceu e se retirou. A coisa perdeu a graça, e me retirei também. Me perguntando o que as leva a esse tipo de comportamento. E quê comportamento é esse.
É uma espécie de machismo? É feminismo? É uma deformação de um desejo de liberdade que se realiza mais na auto-exposição do que no gozo da liberdade em si?
Se há algo que defendo é a liberdade. E, pela minha experiência pessoal, a forma mais bacana de lidar com ela é nos perguntarmos, sempre, em relação às atitudes que temos na vida: isso é bom pra mim? Então, ir fundo. Se for bom pra você, valeu. Não importa a reação da plateia. Você não está fazendo pra mostrar, está fazendo pra gozar.
Afinal, as mulheres estão tendo muito prazer? Deixaram de ir pra cama em busca de amor e conseguiram, de fato, deixar de ser sensíveis? Não lhes dói mais entregar seu corpo a alguém e no dia seguinte não receber ao menos um telefonema empolgado? Essa impressão que meu amigo relatou procede? Isso está sendo bom pra todo mundo?
Ou mulheres confusas e homens assustados estão vivendo de aparências?

Vejo as pessoas muito céticas em relação ao amor, com dificuldade para confiar e se entregar de verdade. A velha e boa paixão tem ficado escondida, espiando pela fresta, titubeante.
E se olhássemos pra dentro de nós e nos perguntássemos o quê, de fato, queremos, e o que nos faz felizes, sem nos importarmos com a plateia?
Eu acho que vale a pena experimentar. ;)


Analú

7 comentários:

GeVargas disse...

Oi Analu. Beijos de chegada.A constatação do seu amigo procede e veja que incomoda homens e mulheres. O exibicionismo, assim como a conquista e a satisfação sexual é tolerada e até incentivada na primeira infância, coisas que nos constituem e mais tarde sofrem repressão, na maioria das vezes descambando para sublimação e até neuroses, quando não paranóias.
Interessante que desde pequeninhos os "machos menores" são incentivados pelos "machos maiores" a serem predadores. "Esse quando crescer vai comer todas", se ouve quase sempre nas comemorações de nascimento, pelo pai, tios, as vezes avô.
Isso cria uma dupla obrigação na mente do machinho. Recentemente assisti um paciente muito esclarecido que veio em busca de ajuda por estar com duas amantes e só ter prazer com a mulher em casa. Após algum tempo de análise, descobriu as pressões que teve na infância para ser o "garanhão" e na angústia inconsciente, buscou o amor da mãe espelhado nas duas amantes que tinham a mesma característica física da mãe (por isso não podia ter prazer sexual com ambas).
Isso apenas para ilustrar que a nova geração de homens já não precisa "detonar" todas. Há até um certo recolhimento, formado também por diversos outros fatores que não cabem agora detalhar.
Mas....e as mulheres?
Além de serem maioria, emancipadas e donas do seu nariz, infelizmente (ou felizmente para alguns) estão tomando conta do seus desejos dessa maneira atabalhoada e, como altamente competitivas que se tornaram, buscam igualar o homem no que há de mais básico, biológico e instintivo. O sexo.
Os homens estão se recolhendo, as mulheres expandindo. Um dia se encontrarão no meio, que é o caminho da virtude. Quando os deuses nos deram o livre arbítrio, nos deixaram livres para escolher os caminhos...e arcar com as responsabilidades. O fato é real. As mulheres já aceitam e buscam sexo casual há muito tempo. E daí?
"Corrige em ti o que te incomoda nos outros" dizia o velho Jung.
Cada um que arque com os vazios que se formam após o gozo. Nesses casos, mais que nunca o gozo passa a ser a negação do prazer, porque não há a continuidade prazeirosa, a cumplicidade que aperta as pernas e braços, o beijo de agradecimento e prazer, a sublime realização mútua e a certeza de ser intensamente no outro.
Um dia nos acertaremos.
Beijo
Ge
(estou sem mouse, por isso não releio o que escrevo, pura preguiça baiana..to aí mes que vem para fazer uma palestra.)

Luiz Santilli Jr disse...

Eu penso que em nosso caldo cultural de hoje, misturou-se coisas muito distintas como se fossem sinônimos!
Amor e sexo não são sinônimos!
Prazer físico e felicidade estão muito mais longe de ser a mesma coisa!
Porém muitos acham que são a mesma coisa e o resultado é uma permanente insatisfação!
Porém, se a pessoa estiver satisfeita com a vida que leva, vá em frente!
Afinal fez-se uma famosa revolução pela liberdade,igualdade e fraternidade, não serei eu o do contra!

Roberto Ney disse...

"Você não está fazendo pra mostrar, está fazendo pra gozar."

Oi Ana. Esse tema muito bem abordado pelo texto, também tem sido pauta de algumas discussões entre amigos (as) - a maioria delas nas mesas de bar... rs!

A grande sacada é tentarmos descobrir nossas reais necessidades. Sexo puro e simples é bom até certo ponto. Acho que ninguém se contenta com tão pouco. E, como você mesmo disse, intimidade é uma coisa que se constrói.

Acho que homens e mulheres têm os mesmos desejos, as mesmas vontades e as mesas necessidades. Então me sinto a vontade para generalizar o comentário. Todo mundo gosta de fazer amor, mas a necessidade de se auto-afirmar diante do outro, de não transparecer suas fragilidades, de não de sentir subjugado e o medo de que uma relação afetiva interfira de forma negativa em seus inúmeros projetos, faz com que as pessoas busquem a satisfação imediata dos seus prazeres e, no máximo, fiquem inventando paixões.

O grande cuidado que devemos tomar é para que esse imediatismo e esse desapego a sentimentos mais intensos não se torne um ciclo de auto sabotagem. Tem gente que come 5 barras de chocolate para aplacar as tristezas. Outros, se deitam com tantos quantos conseguirem.

Não fazer do seu corpo um bordél para suas tristezas - e para as alheias. Não mesmo.

Sexo com amor é uma delícia. Se você não ama seu parceiro, pelo menos ame-se. Isso já torna a coisa 50% melhor.

Ana, seus textos me arrebatam sabia...rs! Dá um ânimo para escrever...

Beijo pra quem é de beijo!

Adao Braga disse...

Olá, como combinado, eis o link do texto sobre as Jaçanãs e as mulheres garanhonas.

http://adaobraga.wordpress.com/2011/01/25/as-jaans-e-as-mulheres-garanhonas/

Eglê De Marco disse...

Oi Analu, que coisa complicada é o ser humano não é?
Estamos sempre insatisfeitos e busacando algo que é imponderável...penso que em vez de buscar "fora" de nós o que falta para a conquista do "prazer" o que falta de verdade é a coragem para ficar sozinho e se enxergar, de fato, por dentro de nós mesmos.
Somos sós, nascemos sozinhos e assim morreremos.
O que dá sentido na vida é a convivência, o aprendizado com o outro, a construção da paciência, o prazer do conhecimento... e isso não acontece durante uma noite apenas.
Falta coragem para ser único, coragem para não ser "Maria vai com as outras"... e o resultado é quase sempre uma grande insatisfação interna. A "culpa" tem que ser de alguém, que nunca somos nós mesmos.
Quando conseguirmos entender que viver a dois (seja quem for) é uma delicada arte de construir um pedacinho do próprio refúgio todos os dias (sujeito a chuvas e tempestades ocasionais), conseguiremos nos aprimorar na arte de viver.
Um beijo!

Anônimo disse...

I seldom leave comments on blog, but I have been to this post which was recommended by my friend, lots of valuable details, thanks again.

Zé Carlos disse...

Aninha o seu amigo disse ter a impressão de que as mulheres estão deixando de ser sensíveis. Ainda bem que seu amigo está errado OU eu sou um cara com muita sorte.
Você não está fazendo pra mostrar, está fazendo pra gozar, deve até ser verdade mas isso não implica em falta de sensibilidade.
Podem até existir mulheres que são menos sensiveis mas ainda bem que a quantidade é pequena em relação ao universo feminino. A grande maioria continua sendo linda, gostosa, delicada, maravilhosa e encantando os homens que sabem amar!!!!

Beijão Analu.