quarta-feira, 5 de março de 2014

Pulsão




















É na coxa que esbarra na coxa
na caminhada apressada.
É no peso dos seios,
fortemente sentido,
a cada nova passada.
É no arfar do peito,  
na boca sedenta,
nas pernas cansadas.
É nos poros que se abrem
e no suor que brota
ao esforço da subida.
É no alívio do chegar,
no gole de água gelada,  
no susto da ducha fria,
na toalha perfumada.  
É no frescor dos lençóis,
no aconchego do travesseiro,
na fresta que deixa passar
um feixe da luz do luar.
É na mão que afaga, suave,    
a pele, assim, por inteiro,
sem ter medo de errar.
É em mim mesma,
entregue e desprevenida,
que acontece, às vezes,
uma visita da vida.


Ana Lucia Sorrentino
          06/03/2014