É
absolutamente lamentável ver jovens - e nem vou citar nomes aqui, para não dar visibilidade a quem não a merece - defendendo o fim do Estatuto do Desarmamento. O
que é que deu na cabeça dessas pessoas que acham que podem reverter conquistas
positivas simplesmente porque têm mentes confusas e nenhuma coerência? Como é
que se pode respeitar jovens que se manifestam de forma barulhenta contra o governo sempre que querem, pelas ruas do Brasil, sem serem presos ou "sumirem no espaço", mas ainda assim imaginam-se numa ditadura e, ao
mesmo tempo, acham que poder portar uma arma sem qualquer restrição para se "defender" é exercício de "liberdade" e "avanço", em uma época cujos ânimos andam tão
acirrados que uma simples fechada no trânsito pode resultar em assassinato ou em que um cachorrinho usando
uma bandana vermelha pode ser maltratado por todo um grupo de malucos por ser
petista??? Que fé é essa no bom senso geral, no autocontrole, na sanidade
mental do ser humano, se olhamos em volta e vemos, o tempo todo, demonstrações que nos
levam a concluir o contrário? Através de que lentes esse pessoal está olhando para o mundo, para enxergá-lo de
forma tão distorcida? Como talvez perguntasse Nietzsche: qual a origem do seu
pensamento? Pense: se os homens tivessem bom senso suficiente para portar armas sem que isso representasse perigo para todos, os homens não precisariam de armas.
Os jovens precisam entender que quem tirou do fundo do baú essa questão do Estatuto do Desarmamento
foram deputados eleitos com a ajuda da indústria de armas. Eles
precisam, agora, cumprir o que prometeram aos que bancaram suas campanhas. Precisam
criar mecanismos que deem lucros para essa indústria. Precisam ajudá-la a
vender armas. Simples assim. Ou seja: pouco importa o povo, a segurança, a criminalidade, os
acidentes domésticos, e tudo o que beneficie seus eleitores. O que importa é só
pagar sua dívida, se manter lá, e garantir patrocínio para as próximas
eleições. E os que estão defendendo essa ideia esdrúxula, estão, mais uma
vez, lhes servindo como massa de manobra.
Esses jovens deveriam estar na escola, estagiando, batalhando pra ganhar sua
própria vida decentemente, constituindo família para entender os mecanismos dos relacionamentos
duradouros e aprender a valorizar a vida... Maturando suas ideias, enfim, para depois - bem depois -,
começar a dar palpite em assunto de adulto. Não basta ter lido todas as enciclopédias do mundo para ser adulto. É preciso ter vivido. E é preciso, também, ter adquirido responsabilidade para lidar com a própria capacidade de persuasão e saber que sair por aí pregando tudo o que lhe passa pela cabeça pode causar grandes estragos. E Estatuto do Desarmamento é, indubitavelmente, assunto de adulto.