sábado, 20 de junho de 2015

Estatuto do Desarmamento - assunto de adulto

             
                            


            É absolutamente lamentável ver jovens - e nem vou citar nomes aqui, para não dar visibilidade a quem não a merece - defendendo  o fim do Estatuto do Desarmamento. O que é que deu na cabeça dessas pessoas que acham que podem reverter conquistas positivas simplesmente porque têm mentes confusas e nenhuma coerência? Como é que se pode respeitar jovens que se manifestam de forma barulhenta contra o governo sempre que querem, pelas ruas do Brasil,  sem serem presos ou "sumirem no espaço", mas ainda assim imaginam-se numa ditadura e, ao mesmo tempo, acham que poder portar uma arma sem qualquer restrição para se "defender" é exercício de "liberdade" e "avanço",   em uma época cujos ânimos andam tão acirrados que uma simples fechada no trânsito pode resultar em assassinato ou em que um cachorrinho usando uma bandana vermelha pode ser maltratado por todo um grupo de malucos por ser petista??? Que fé é essa no bom senso geral, no autocontrole, na sanidade mental do ser humano, se olhamos em volta e vemos, o tempo todo, demonstrações que nos levam a concluir o contrário? Através de que lentes esse pessoal está olhando para o mundo, para enxergá-lo de forma tão distorcida? Como talvez perguntasse Nietzsche: qual a origem do seu pensamento?  Pense: se os homens tivessem bom senso suficiente para portar armas sem que isso representasse perigo para todos, os homens não precisariam de armas. 
                Os jovens precisam entender que quem tirou do fundo do baú essa questão do Estatuto do Desarmamento foram deputados eleitos com a ajuda da indústria de armas.  Eles precisam, agora, cumprir o que prometeram aos que bancaram suas campanhas. Precisam criar mecanismos que deem lucros para essa indústria. Precisam ajudá-la a vender armas. Simples assim. Ou seja: pouco importa o povo, a segurança, a criminalidade, os acidentes domésticos, e tudo o que beneficie seus eleitores. O que importa é só pagar sua dívida, se manter lá, e garantir patrocínio para as próximas eleições. E os que estão defendendo essa ideia esdrúxula, estão, mais uma vez, lhes servindo como massa de manobra.    
                Esses jovens deveriam estar na escola, estagiando, batalhando pra ganhar sua própria vida decentemente, constituindo família para  entender os mecanismos dos relacionamentos duradouros e aprender a valorizar a vida... Maturando suas ideias, enfim, para depois - bem depois -, começar a dar palpite em assunto de adulto. Não basta ter lido todas as enciclopédias do mundo para ser adulto. É preciso ter vivido. E é preciso, também, ter adquirido responsabilidade para lidar com a própria capacidade de persuasão e saber que sair por aí pregando tudo o que lhe passa pela cabeça pode causar grandes estragos. E Estatuto do Desarmamento é, indubitavelmente, assunto de adulto.


                               
                                                               Ana Lucia Sorrentino

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Comigo mesma





















Para agradar a quem

me faria eu outra,

diferente da que sou,

se a solidão me acolhe sem ressalvas,

semeando em mim

o que de mais genuinamente meu,

apesar do mundo,

em mim restou?

                    
                                                Ana Lucia Sorrentino