domingo, 27 de março de 2011

Malvado Tempo




















O tempo zomba de mim o tempo todo.
O tempo rareia, falseia, tripudia, me trai.
Presa nas armadilhas do tempo
forço-me à opção:
adio o longo beijo que tanto desejo,
escolho pragmaticamente entre trabalho e tesão.
Furo em sedutor encontro com o ócio,
rearranjo prioridades
e logo acima vejo: obrigação.
Acelero o gozo,
interrompo o riso,
insiro, prematuramente,
um ponto final em doce interação.
Qualquer dia tomo posse da minha vida,
e arranco a máscara do tempo.
Quero vê-lo enrubescer
diante da própria farsa.
Como pode esse tirano
se arvorar a nos reger
se se traveste de tempo
mas é pura ilusão?


Analú

Imagem: Google