quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mudanças

Essa semana me mudei. E mudei. E percebi como uma mudança de endereço promove mudanças bem mais importantes do que a do próprio endereço.
Em meio a mil problemas técnicos, um caos de caixas espalhadas pelos cantos, peças de roupas e carregadores de celulares perdidos, me encontro. Passo de um quarto ao outro colocando alguma ordem no caos estabelecido e me pego sorrindo cada vez que olho por uma das sacadas do meu novo lar. Tudo verde lá fora.
O novo horizonte é a metáfora perfeita do que espero da vida: beleza.
Nos últimos dias meu cérebro deve ter produzido mais novas sinapses do que em todo o último ano. No meu novo apê quase tudo está invertido. Procuro à direita o que acabo encontrando à esquerda. Estou tendo que reposicionar tudo. Dentro e fora de mim.
A mudança exigiu revisão geral: o que uso, o que não uso, o que guardava só por apego, o que não me serve mais... e que estilo de vida quero ter a partir de agora. O novo espaço me obriga a repensar tudo. E isso, nesse momento, me cai como uma luva. Inicia-se uma fase em que serei mais profissional do que dona-de-casa, e já não era sem tempo. Dois filhos criados e uma enorme vontade de me jogar no mundo aliam-se a um desejo que tenho desde sempre de brincar com a liberdade.
E então, curtindo cada novo vizinho que me dá as boas vindas, cada funcionário que se mostra atencioso, cada nova rota que testo, andando por ruas que não conhecia pra ir aos lugares que já frequentava, vejo como é saudável mudar!
Essa semana foi toda especial. Além da casa nova, comecei um novo trabalho, e a faculdade. A primeira aula de Introdução à Filosofia me fez voltar pra casa com uma agradável sensação de que acertei na escolha do curso.
E, me comparando à menina que aos dezessete anos entrou na Faculdade de Letras e aos dezenove casou, totalmente desavisada, me senti numa vantagem tão grande, que a vislumbrei tendo inveja de mim! Rsrs...
Mas... o que quero deixar em você, contando tudo isso?
Quero deixar um estímulo. Uma palavra de coragem. Uma vontade de ousar.
Muitas mulheres passam a juventude temendo o envelhecer. A proximidade dos cinquenta, o estigma do meio século de vida trazendo malfadadas rugas, banhinhas a mais, excesso de maciez... rsrs... faz com que se instale uma neurose e se canaliza tempo demais brigando contra aquilo que será inevitável. E o bom da coisa, que é o estar mais segura, menos medrosa, o ter menos a perder, que nos empresta um ar novamente jovial, mas agora mais tranquilo, parece ter menor valor.
Se estou hoje me presenteando com novidades, foi porque tive o desprendimento de abrir as mãos e largar uma segurança que não me fazia mais feliz. Mãos livres, pude agarrar as oportunidades que me surgiram e que emprestam, a mim e à minha vida, novas cores. Mais colorida, hoje desperto muito mais a admiração alheia do que quando menina.
Talvez seja porque a beleza, mais do que em formas perfeitas, está no brilho do olhar, no viço da pele, na luz do sorriso de quem se atreve a ser feliz. :)

Beeeijos!!! :)

Analú

Postagem originalmente publicada no Guia da Semana - Coluna "Mulher"
www.guiadasemana.com.br/Sao_Paulo/Mulher/Noticia/Mudancas.aspx?ID=72814

2 comentários:

Zé Carlos disse...

Você é uma escritora invejável e muito especial ... Bjs

Anônimo disse...

"Talvez seja porque a beleza, mais do que em formas perfeitas, está no brilho do olhar, no viço da pele, na luz do sorriso de quem se atreve a ser feliz."

Que comentário seria digno...
Divino é pouco.
Parabéns.