terça-feira, 2 de junho de 2009

Poesia - Três Palavras (um pequeno desabafo)




















Três Palavras

O último copo no escorredor,
a pia brilhando,
o sono chegando.

O banho gostoso,
o quente da água
depois de dia tão frio...

Meninos na cama,
silêncio, enfim.

Lençóis trocados,
acolchoado,
o meu teclado.

A tela em branco,
um tempo pra mim.
O sono vai.

Três palavras
e algo escorre
por entre as pernas.
Lento, morno, traiçoeiro.

Foi a calcinha,
a camisola,
o lençol.

Na corrida,
arte abstrata em vermelho vivo
no chão de madeira clara
e no gelo do piso do banheiro.

Mulher é um ser humano
que não sabe o que é ter paz.

2007

Beeeijos!!! :)

Analú

10 comentários:

Carlos, um jeito tabajara de ver a vida disse...

Grande Ana (nome da minha irma ), belo poema. Gostei. E olha que eu naosou de comentar poesia. Muito bom mesmo!!!!

Abraço!!!!!

malurissatto disse...

Com certeza, ai vc retrata o vazio que uma alma feminina sente, depois de ter cumprido toda sua tarefa rotineira sem tempo para si mesma.
Qdo será que o tempo não será mais enfático em nossa vida, ao ponto de só a noite traiçoeira nos acolhe em nossos temores rsssss.
Nossa filosofei e me empolguei rsssssssssssss
Bjs.

OLHAR CIDADÃO disse...

Ana

Uma quarta palavra: "sentimento". Seu blog e sua mensagem tem isso.

Um abraço

Vanessa disse...

Nem tudo é perfeito, depois de um dia cheio de atribuições e atribulações. Quando tudo parece bem, vem o "quase". Mas até que isso não parece ser um problema - a gente dá conta disso fácil...ruim são outras coisas que nos tiram o sono - e nem é inspiração para escrever.

Adoro seus poemas, Nalú! Vida longa pra eles!!! Beijo!

Salete Cardozo Cochinsky disse...

Ana
Amei a poesia.
Que capacidade, habilidade, sensibilidade para transpor esse efeito de ser mulher promove.
Parabéns por vencer e escrever.
Beijos

Anônimo disse...

Ana Lu

Parabéns ,você conseguiu em versos
compor o dia a dia da mãe e da mulher.
E como esse vermelho cansa , não???

João Esteves disse...

Isto que acabo de ler pra mim é sensibilidade, é feminilidade, é arte, enfim.
Gostei e gostei.

Luiz Santilli Jr disse...

Ana
Uma grande sutileza narrativa sobre as surpresas dos eventos medianamente previsíveis de nosso cotidiano!
Gostei muito!
Luiz

argumentonio disse...

a paz que se dane!

isto é, paz, sim, mas de um jeito doce e satisfeito, refeito no cansaço de ser tudo em cada pedaço e saber que há um mundo mais completo em todo o gesto da mulher!!

depois, há ainda essa paz íntima que só a alma surpreende, no eu do tacto dos lençóis, na dobra cuidada e da mesma cor da almofada ou da camisola ou da roupa interior ou do cortinado ou do candeeiro ou de seja o que for para o que é feminino se apaziguar com o sonho que perdura e sobrevem ao calor, ao frio, ao ardor, ao torpor, ao tremer e estremecer de sentir quem é e o que está feito no mesmo tom do que bate e rebate por dentro do peito!!!

ah... saravá

;_)))

Vanessa disse...

Mulher é um bicho que não sabe ter paz...mas até que gosta, viu? rs..