terça-feira, 30 de outubro de 2007

X - Você está se boicotando?

Quando comento entre mulheres o fantástico efeito das histórias de “Mulheres Que Correm Com os Lobos”, a reação sempre é de interesse. Sempre há alguma, ou algumas, que se dizem portadoras da “síndrome da falta de alma”, e mesmo que outras não se enquadrem totalmente nos sintomas, sempre há algo no assunto que as impressiona. Se conto, mesmo resumidamente, uma das histórias, logo percebem que com a leitura do livro têm muito a ganhar. Algumas anotam o nome do livro e da escritora, e acredito que tenham a séria intenção de lê-lo.
Mas... da intenção à ação há uma looonga distância. Acabou-se a conversa, cada uma vai pra sua casa, enfrenta seus problemas da forma como sempre tem feito, sente-se “adaptada” à própria realidade, conclui que está “segura” e que um simples livro não será a “chave para a felicidade”.
“Afinal, que grandes mudanças poderiam ocorrer a esta altura da sua vida?” E eu respondo, agora: TODAS AS QUE FOREM NECESSÁRIAS PARA VOCÊ VIVER MAIS PLENAMENTE E SER MAIS FELIZ. E quando digo TODAS não estou me referindo ao seu mundo objetivo, material. Não estou dizendo que você vá abandonar seus relacionamentos, seu trabalho, ou que vá virar seu mundo de cabeça pra baixo. Estou dizendo que as verdadeiras mudanças que vão fazer realmente a diferença na sua vida vão ocorrer dentro de você. Se, a partir daí, mais forte, você concluir que deve mudar algo na sua vida objetiva, com certeza você o fará, e certamente a mudança será para melhor.
Mas... a esta altura, você já se convenceu de que não vai conseguir tempo pra ler um livro complicado, de mais de seiscentas páginas. E eu argumento: acompanhe esse workshop virtual, que com alguns minutos de leitura de cada vez, um pouquinho por dia, e nem precisa ser todos os dias, você vai fazer esse trabalho sem nem perceber. Aliás, vai perceber e muito, nos seus efeitos! A leitura, aqui, está facilitada, porque estou extraindo do livro as questões principais, estou traduzindo a linguagem, às vezes acadêmica, da escritora, para uma linguagem simples, de fácil compreensão. E estou exemplificando com situações rotineiras, com as quais você deve se identificar o tempo todo.
Mas... entrar na internet, acessar o blog, ler dez minutos... Você não tem tempo pra isso? Mas, se o seu filho, ou sua filha, chegar da rua, de um trabalho ou um estudo que é puro investimento em seu próprio crescimento (sim, eles têm direito de crescer e se melhorar!), e disser que está com fome e lhe pedir um misto quente, você vai fazer, não vai? “Você vai deixar seu filho ou filha com fome???” (a voz que fez essa pergunta é a daquela parte da sua psique que te boicota, que não tem interesse no seu crescimento) Você a escuta e ignora o fato de que seu filho já é um adulto e, mesmo que não fosse, teria plena capacidade para fazer algo tão simples como um misto quente, o que, como adicional, ainda lhe daria uma agradável sensação de independência. “Mas, ele chegou da rua agora, coitadinho...” (ela de novo!!!) E você? Chegou de onde? Da lavanderia? Ou da beira do fogão? Ou do ferro de passar? Ou do banco? Ou do mercado?
Vou poupar-lhe aqui de ler uma lista interminável de coisas que, provavelmente, você faz em benefício de outras pessoas, quando elas mesmas poderiam se fazer, porque você já deve saber isso de cor e salteado. Então, a questão não é falta de tempo. A questão é que VOCÊ NÃO É A SUA PRIORIDADE.
Você sabe o que acontece quando você não é a sua prioridade? Provavelmente, todos os que estão à sua volta vão crescer, vão evoluir, vão se tornar independentes (mesmo que você faça a maior força pra que isso não aconteça), e quando você perceber que você ficou estagnada, ou desinteressante, até pra você mesma, você vai se magoar. Aí vai ser culpa da vida, de Deus, do marido, de todo mundo, e não sua... Mulheres magoadas costumam adoecer.
Que tal começar a mudar esse futuro sombrio agora?
Bem, você pode ter em sua mente as inúmeras vezes que pensou exatamente isso e tentou fazer algo diferente, pra se sentir bem consigo mesma, e não deu certo. Cursos começados e não acabados, projetos que não saíram do papel, investimentos que não vingaram, trabalhos que não foram adiante por falta de tempo... Tanta ilusão! E as críticas que lhe faziam por “pular de galho em galho”? Cada tentativa frustrada e cada crítica recebida eram como um pequeno choque elétrico, cuja lembrança, agora, faz com que você se pergunte se vale a pena. Nesse ponto tenho a obrigação de te lembrar que mesmo que você não tente mais nada, sempre vão te criticar, porque isso é normal.
O que você tem que se perguntar é: todas as vezes que tentei fazer algo, onde busquei inspiração? Foi dentro de mim? Ou segui uma onda, um modismo, um conselho? “Algo” daria dinheiro, ou estava na moda, ou seria a profissão do futuro... Porque é só seguindo a sua inspiração que você vai conseguir prosseguir seja lá no que for. Se o seu problema é realização pessoal ou profissional, ou independência financeira, você vai atingir isso quando escutar a sua alma.

Tenho que citar aqui uma frase que Gasparetto sempre diz:
“Com alma você tem tudo. Sem alma você não tem nada”
Acredito piamente nisso. E espero que, daqui em diante, você faça bons contatos com a mulher selvagem que está dentro de você, para que essa intuição comece a fluir sem dificuldades e você consiga escutá-la sempre que for necessário. Você estará escutando a sua alma.
Agora, se você ainda se sente desvitalizada, com preguiça, ou sem ânimo para começar a se dedicar a esse workshop, se você sente que desistiu de lutar por aquilo em que acredita, se você não quer mais “fugir” de uma vida que está te magoando, o que me ocorre é que você está como o cão da experiência científica que vou transcrever agora, exatamente como está no “Mulheres que correm...”:

No início da década de 1960, alguns cientistas realizaram experiências com animais para tentar determinar algo a respeito do "instinto de fuga" nos seres humanos. Numa das experiências, eles fizeram uma instalação elétrica na metade direita de uma grande jaula, de modo que um cão preso nela recebesse um choque cada vez que pisasse no lado direito. O cão aprendeu rapidamente a permanecer no lado esquerdo da jaula. Em seguida, o lado esquerdo da jaula recebeu o mesmo tipo de instalação, que foi desligada no lado direito. O cão logo se reorientou, aprendendo a ficar no lado direito da jaula. Então, todo o piso da gaiola foi preparado para dar choques aleatórios, de tal modo que, onde quer que o cão estivesse parado ou deitado, ele acabaria levando um choque. Ele a princípio aparentou estar confuso e depois entrou em pânico. Finalmente, o cão desistiu e se deitou, aceitando os choques à medida que surgissem, sem tentar fugir deles ou descobrir de onde viriam. No entanto, a experiência não estava encerrada. No próximo passo, a jaula foi aberta. Os cientistas esperavam que o cão saísse dali correndo, mas ele não fugiu. Muito embora pudesse abandonar a jaula quando bem entendesse, ele ficou ali deitado recebendo os choques aleatórios. A partir dessa experiência, os cientistas levantaram a hipótese de que, quando um animal é exposto à violência, ele apresentará a tendência a se adaptar a essa perturbação, de tal forma que, quando a violência pára ou ele tem acesso à liberdade, o instinto saudável de fugir é extremamente reduzido, e em vez de escapar o animal fica paralisado. Em termos da natureza selvagem das mulheres, é essa trivialização da violência, assim como o que os cientistas subseqüentemente denominaram "aprendizado da impotência", que não só influencia as mulheres a ficar com parceiros alcoólatras, patrões exploradores e grupos que se aproveitam delas e as importunam, mas também faz com que elas se sintam incapazes de se erguer para apoiar aquilo em que acreditam profundamente: sua arte, seu amor, seu estilo de vida, sua preferência política.

Pergunto: Você acha que perdeu seu poder de lutar pelos elementos da alma e da vida que mais valoriza?

Quero te dizer que há uma porta aberta, e se você der alguns passos e sair dessa jaula, descobrirá que existe um mundo onde você consegue reagir, se defender, defender o que ama. Onde você vive plenamente, e pode ser feliz. Esse mundo é a sua alma, você só precisa deixá-la se manifestar.

Se eu estivesse presente na experiência com o cão e visse sua impotência, dentro da jaula, claro que eu iria até ele e, se fosse preciso, o carregaria no colo até o lado de fora. E o apoiaria, até que ele percebesse que ali não levaria choques.

É o que estou tentando fazer com você, da forma que sei. Mas não vai dar pra te carregar no colo! Você é uma mulher, cheia de vida e de inteligência. Espero que faça algo por você mesma.

Beijo!

Analú

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