quarta-feira, 31 de outubro de 2007

XI - Mais um estímulo pra você - Poesia - "Mentira"

Sempre gostei de escrever. Ao longo da minha vida, mesmo nos períodos em que me convencia de que esse sonho já estava "enterrado", ou de que "não valia a pena", porque, com isso, provavelmente não conseguiria ganhar dinheiro (o que é fatal na sociedade em que vivemos), quando sentia que minha alma precisava transbordar, procurava papel e caneta. Tenho absoluta certeza de que minha "Mulher Selvagem" é escritora. Quando li pela primeira vez "Mulheres que correm...", o primeiro passo que dei em direção à minha alma foi buscar, nos meus guardados, tudo o que já havia escrito. Reli tudo. Organizei por datas. Me emocionei. Percebi que em meus textos estava minha biografia. Todas as fases cruciais da minha vida estão registradas neles. O mais incrível é que, conforme ia desvendando as histórias do livro, ia percebendo que havia uma ligação direta entre as situações que Clarissa descreve e as que haviam me angustiado,na minha própria vida, resultando num conto ou poesia. Assim, é natural que, ao falar sobre o trabalho de Clarissa, muitas vezes, suas análises me remetam aos meus próprios textos. Quando eu considerar que um texto de minha autoria será enriquecedor para o nosso workshop, não terei pudor em usá-lo. É o que faço aqui, agora, usando minha poesia "Mentira" como um estímulo a mais pra você. Espero que você goste, e que aproveite a mensagem!

Mentira

Você já desistiu de algo?
Fica um fio, fica um rabo.
Se quis do fundo do coração,
se pediu numa oração,
se sentiu um expandir do peito,
não tem jeito,
não tem jeito.
Se quis, quer e está feito.
Se foi com alma,
se foi sem calma,
se foi bem cedo,
se foi sem medo,
se tinha como,
era real.
Se era bom,
faria bem,
se tinha com,
se tinha quem,
não tem “desisto”,
não tem “give up”.
Se adormeceu,
ou cochilou,
se esqueceu
ou só guardou,
não matou,
não morreu de fato.
Naquela porta que mal fechou,
naquela fresta que sobrou,
olha a pontinha,
olha a pontinha...
É só puxar.
Vai encontrar
todo o novelo,
toda a novela,
todo o vazio.
E na lembrança
do que não fez,
que frio...


Beijo! Analú

4 comentários:

Ricardo Soares disse...

escrever sempre vale a pena né mesmo??? ainda mais quando a alma não é pequena, parodiando o fernando pessoa... obrigado por suas visitas e comentários... e escreva sempre pois isso é catártico, libertador
bj
ricardo

Ana Lucia Sorrentino disse...

Obrigada pela visita, Ricardo! Não fossem essas catarses que faço sempre, nem sei quem eu seria!

Beijo!

Analú

Elaine Mazzaro disse...

Ana,

Esse foi o primeiro poema que li do seu blog....que lindo!!!
Tocou, emocionou...bateu forte mesmo!
Grande Abraço!!!

Anônimo disse...

Genial brief and this post helped me alot in my college assignement. Thanks you for your information.