Eu não tenho por hábito escrever sobre política. A vivo em todos os minutos da minha vida, pois tenho consciência do quanto somos, realmente, governados pelos governos. Não se faz nada com liberdade total, e cada passo que damos, tem sempre, por trás dele, um monitoramento. Vivemos sob as consequências da má gestão governamental, em todos os sentidos. São leis mal feitas e mal aplicadas, tributos cobrados e mal administrados, descaso com a natureza e com nossa qualidade de vida. Descaso com nossa saúde e com nossa educação. Pouco caso, desmazelo, desrespeito. Dormimos e acordamos, nos alimentamos e trabalhamos, tentamos nos divertir e ter acesso a um pouco de cultura, tentamos ter uma vida amorosa, tudo isso de acordo com o que nossos governos nos permitem.
Por mais que estejamos momentaneamente bem, não há como estar totalmente bem quando o todo é extremamente problemático. Ou seja: não tem como. Mesmo que não queiramos, somos afetados.
Mas, não costumo falar sobre isso, talvez justamente por ceticismo, e não creio que seja possível defender um ou outro político, porque, ao longo da vida, fui percebendo que mal conseguimos pôr a mão no fogo por nós mesmos, que dirá por outros, e envolvidos em ambiente tão contaminado...
Vejo que as coisas não mudam. Vejo que os mesmos permanecem por infinitos mandatos, em cargos diversos, provavelmente pra que o descaramento não pareça tão descarado. Vejo que as tetas devem ser muito gordas, porque, por menos que alguns façam, o que menos lhes passa pela cabeça é abrir mão da mamata. Vejo que pelos ralos da corrupção escoa nosso suado dinheiro, e que trabalhamos muito mais do que deveríamos pra ter uma vida minimamente decente. E que, quando precisamos apelar para os serviços públicos, melhor rezar, porque a competência passa longe dali.
A péssima qualidade da nossa educação vem criando gerações incapazes de atuar positivamente no meio em que vivem. Incapazes de se revoltar seriamente contra as injustiças. Incapazes de brigar por seus direitos. A ignorância e impotência alimenta o sistema, e onde vamos parar?
Daqui a alguns dias seremos obrigados a votar. Sim, isso é uma democracia, mas somos obrigados a votar. Claro, porque quem, em sã consciência, se mobilizaria voluntariamente para apoiar alguém desse maravilhoso elenco que nos tem sido apresentado todos dias?
Eu não gosto de generalizar, mas nesse balaio de gatos fica muito complicado detectar se há algo que valha a pena.
E quero deixar aqui a minha indignação por sermos submetidos a essa enooorme vergonha.
O horário político me vexa profundamente. Há os que se apresentam como portadores de caráter ilibado, quando sabemos, há muito, que não o são. Há os que se gabam por terem ficha limpa, como se isso fosse virtude e não obrigação. Há os que já prometeram, tiveram inúmeras oportunidades, não cumpriram e continuam prometendo.
Mas, esse ano, há mais alguns que me fizeram sentir muuuita vergonha do que estamos vivendo. Não é possível que um povo tenha que aceitar o fato de que não é preciso se ter feito nada de bom nessa vida pra se merecer ser candidato a qualquer coisa. Não é possível que só o dinheiro determine quem possa estar lá, pleiteando um mandato. Não é possível que aja pessoas que pensem em votar em candidatos que nem ao menos alfabetizados são. E não é possível que eu tenha que ligar a TV e me deparar com gente pedindo voto e se dizendo abestada. Com gente que mal saiba falar e expor suas idéias. Com mulheres que se vestem como prostitutas, invadindo nossas casas e tripudiando sobre nossa inteligência. Com gente que se diz contra a pedofilia, mas demonstra, pela postura, algum tipo de psicopatia.
O que é isso??????????????????????????????
Tenho recebido longos e-mails de gente gabaritada extremamente revoltada com tudo. As pessoas repassam esses e-mails, numa tentativa de espalhar as informações e a indignação. Mas, infelizmente, percebo que longos textos de profundos conhecedores não atingem o povo, que não acessa a Internet, que não tem tempo para ler, e que, ao se defrontar com um texto mais intelectualizado, simplesmente desiste de entender.
Tenho visto alguns adolescentes defendendo a idéia da anulação do voto, numa tentativa de impugnação das eleições e renovação geral. Sinceramente, não acredito que isso fosse algo passível de se realizar.
Mas também, sinceramente, estou pensando seriamente em fazer isso.
E espero que esse meu texto, simples e indignado, atinja ao menos alguma meia dúzia de leitores, pra que eu não me sinta totalmente inútil nesse cenário tão vergonhoso.
Obrigada a quem teve a paciência de ler esse desabafo.
Analú
4 comentários:
Não se lê, nem se reivindica direitos.
É triste.
Querida amiga Ana Lucia.
Concordo!
Mas, devemos prestar muita atenção e ter muito cuidado, pois eu prefiro o pior dos regimes políticos democráticos, do que a melhor das ditaduras imagináveis.
Um abração carioca!
Ana Lúcia
Seu desabafo é o meu também, é o de todas as pessoas de bem, que querem para seus descendentes um mundo melhor!
Vim aqui pelo atalho do Luiz, no Facebook.
Muito boa sua crônica, e se permitir postarei em meu CRÔNICAS, um blog de crônicas minhas e de amigos!
Luiz
OI Analú, faço minhas tuas palavras.
Indignação total, enfim... o país (agora e de novo) tem o presidente que merece).
Deus salve o Brasil!
abraços querida!
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