sábado, 7 de março de 2015

Querido Bauman:



É movediça a zona em que patino.
Mar aberto, sem cais pra ancorar.
Não há passado que valha
como semente de qualquer destino,
não há valor que sustente
o que já não tem como se sustentar.
O tempo ido não deixa rastro
nem há experiência duradoura
que possa nos servir de lastro.  
O hoje é pressa, instante, desatino...
Não há mais um olhar calmo,
um ouvido atento,
uma conversa que perdure
para além de um momento.
Tábua de salvação feita de fé e força,
me agarro no que me resta de sentimento
e resisto, valente, à deriva.
Mas por dentro me arrebento.

                                                          Ana Lucia Sorrentino













Um comentário:

Pedro Du Bois disse...

Excelente, como sempre. Abraços. Pedro.