terça-feira, 4 de setembro de 2012

Eu, pura aporia




Creio piamente
que nada é por acaso
e que tudo é contingente.
Divido-me o tempo todo
entre não acreditar em nada
e acreditar o tempo todo em tudo.
Zombo da existência de Deus
e lhe peço, em oração,
que me devolva a fé.
Esquerda e direita
me parecem igualmente
sedutoras e perigosas.
Estanco na esquina,
convictamente equivocada.
Noite e dia
em pacífica desordem
habitam em mim,
e constituem o que sou:
pura aporia.

Analú

2 comentários:

João Esteves disse...

Sua poesia
se revitaliza
cara poetisa
em Pura Aporia

Juliêta Barbosa disse...

Analú,

Dizem que os melhores perfumes estão nos pequenos frascos. Lendo você, agora, constato isso: um texto tão lindo, com tanta vida dentro dele e escrito em poucas linhas.

As suas palavras, hoje, abençoam a minha humanidade, perfumam a alma e aliviam a angústia que sinto por viver na eterna ponte do querer e deixar partir... Obrigada!