Tudo, tudo o que faço ecoa.
Tudo repercute, tudo grita,
tudo se espalha.
Ensaio um psiu!, que de nada adianta.
Meus segredos voam por aí,
de boca em boca.
Sou tão sozinha, e no entanto,
tão devassada...
Não dá. Não dá pra transgredir em nada.
Mesmo que queira,
mesmo que ninguém perceba,
estou sendo sempre vigiada
(quando não flagrada).
Meus telefonemas são listados,
meus e-mails são checados,
minha gasolina computada,
meu comportamento censurado.
Os canhotos dos meus cheques são vistados,
os extratos conferidos.
E eu, com feridas no meu substrato,
vou levando a vida convertida.
Tentando, de certa forma,
ser até mesmo divertida.
E conseguindo, muitas vezes...
Meus reveses logo se agigantam.
Minha vida, de privada, não tem nada
e meu lado malandro
teve que ceder lugar
a um bom senso manco.
Mantenho o nível...
Mantenho o nível...
É o que querem de mim.
E ninguém se importa
se estou não a fim.
Ana Lucia Sorrentino em Alento(2007) - coletânea de poesias, à venda através do e-mail analugare@yahoo.com.br
2 comentários:
Não adianta, a gente não consegue deixar as coisas escondidas mesmo, um dia tem alguém que acha. Sempre. Ou a gente resolve escancarar mesmo, já que se esconder não vai resolver muito. No fim das contas, todos nós temos segredos, cada um com a sua gravidade...
Oi, Aninha
Voltamos!
Tudo bem com vc?
Temos mesmo que deixar tudo às claras, senão nos pegam...rsrsrs
Beijos e tudo de bom!
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