terça-feira, 16 de junho de 2009

Abrindo meu Diário I - reflexões para o livro Desromance, a ser publicado nalgum dia, se Deus quiser! ;)

Olá! :)

Hoje abri uma pasta em meu notebook que há muito não abria. É uma pasta que contém textos que escrevi numa fase em que me trabalhava mais intensamente para me reencontrar comigo mesma. Achei os textos tão interessantes, por serem altamente espontâneos e por terem um conteúdo totalmente voltado ao entendimento de mim mesma e do mundo que me rodeava, que senti vontade de publicá-los aqui, no meu blog, para que sirvam de inspiração para mulheres que queiram se trabalhar. É incrível como sentar-se, pensar um pouco, e escrever sobre nossos pensamentos e sentimentos de forma razoavelmente bem organizada nos ajuda a crescer! :)
Acho que cresci, e bastante, nessa fase! Tanto que me dou ao luxo de estar aqui, tentando ajudar outras pessoas a crescerem... rsrs...
Por isso vou publicar, esporadicamente, esses textos altamente intimistas, considerando-os realmente parte desse workshop de reencontro com nossas almas. Espero que vocês entendam que nem sempre essas idéias são exatamente as que tenho hoje, mas acho super válido expor esse processo de auto-conhecimento através da escrita.

Desromance (2007)
Impressões impressionadas e às vezes impressionantes de uma mulher que nunca consegue se adaptar a normas e convenções e que não se satisfaz com o que parece satisfazer todo mundo.

I - Comprei este caderno há séculos, com a séria intenção de usá-lo para escrever um novo livro. Guardei-o na gaveta do meu criado-mudo, que já estava quase aprendendo a falar pra me lembrar de minha tão bem intencionada intenção.
Mas, antes disso, Quiroga foi mais esperto. Eu, que quase nunca lia meu horóscopo, agora me viciei. Mais do que em meu próprio horóscopo, nas sábias palavras de Quiroga. Aquela primeira frase, em que ele dá a posição dos astros no céu, pouco me importa. O que me fascina mesmo são suas otimistas previsões de um mundo melhor. Quando ele diz “breve” não posso imaginar o que isso signifique, mas o que importa realmente é que “breve” é um tempo que virá. Isso já me consola. “Breve as ilusões materialistas cairão por terra... Breve a humanidade descartará o ódio e as vilezas que tornam sua alma grosseira e obscena... Breve deixaremos para trás as ilusões que nos fazem sofrer e entenderemos que é possível ser feliz na simplicidade...”
Quanta coisa boa... Achei um oásis no meio do jornal. Acabei me viciando. Leio Quiroga, as tiras do Calvin, do Recruta Zero, do Frank e Ernest e faço as cruzadas. Uns instantes de prazer e de consolo que me dou todos os dias.
Geminiana da gema, estou sempre dividida entre tantos interesses, que acabo me perdendo em infinitas possibilidades, que mais me confundem do que outra coisa. Me bifurco, trifurco, quadrifurco, e acabo me diluindo no todo. Na verdade, os dias terminam e não fiz nada. Fiz tudo, mas não fiz nada. Sei que o que fiz, dedicando-me à família, ficará para sempre em cada um de seus membros. Em sua saúde física e mental, em seu desenvolvimento, em sua alegria. Também em seu sarcasmo, sua ironia... Sei que ficará em suas células, em sua memória, sei que fará parte de seus motivos e de suas resoluções. Às vezes, pensando nisso, consigo serenar essa minha alma tão inquieta, tão insatisfeita. Mas são momentos. Quando percebo que o mundo vive em outra, que as pessoas estão preocupadas com as “coisas”, que parece que ninguém me vê por dentro, caio em tentação e acredito que estou errada. Algo, que não sei se interno ou externo, me diz maldosamente que não fiz nada. De repente, a tola e previsível ingratidão de filhos adolescentes ou a malcriadeza de um marido estressado me colocam na lona. Banalizam minhas tarefas mais sagradas. Fazem parecer inúteis as horas e dias e anos que me dediquei ao amor. Não foi em vão. Sei disso. Mas me deixo dominar por esse meu lado fútil e fico me perguntando o que produzi de verdade na vida. E esse “de verdade” vem totalmente carregado de conotação material. Então me pergunto que bens possuo, que vida levo, que legado deixarei... Não, não, não... Nessa hora não adianta ninguém me vir com respostas românticas, me apontando o marido que me ama, os filhos perfeitos, a harmonia familiar... Tudo o que tem valor real acaba virando nada mediante a constatação de que, se amanhã eu estiver sozinha, terei que me virar para suprir minhas necessidades materiais e nada fiz, nos últimos vinte anos, para me especializar em algo que possa me garantir isso. Nada fiz. Sei tudo e não sei nada. Uma simples leitura na seção de empregos dos classificados me põe nervosa. Sinto uma azia, uma aflição, uma vontade de chorar. Estou fora do “mercado”. E o “mercado” é o mundo.
Sorte que tem o Quiroga. Leio e releio suas introduções. E de algumas semanas pra cá ele foi me trazendo pela mão por um caminho que acabou aqui. Neste caderno, que estava esquecido dentro da gaveta do meu criado-mudo. Ele me instigou, pacientemente, a retomar minhas raízes e tentar dizer ao mundo, da forma que melhor sei, a quê vim.
Pergunto agora, às próximas noventa e poucas folhas em branco, no que é que isso vai dar...
(Continua no próximo Abrindo meu Diário rsrs... ;) )

Beeeijos!!!!!!!!!

Analú :)

9 comentários:

Vitor Sorrentino disse...

Que otimo o seu texto, amei!
Continue escrevendo, voce eh Otimaa!
mil beijos

Ana Lucia Sorrentino disse...

Vííííí!!!!!!!!!!! Que delícia você visitando meu blog! :)
Venha sempre, tá bom? Você não imagina o quanto isso me faz feliz!
Beeeeeijos!!!!!!!!!!

Analú :) (titiazinha rsrs...)

Cris disse...

Estou ansiosa pra saber como isso vai acabar. Que venha mais um livro!

Adorei o texto. Pare de fazer suspense e publique tudo de uma vez...em breve!

bjs sds

Vanessa disse...

É bem coisa de geminiana começar uma coisa, depois outra, e mais uma, e voltar naquela primeira e ficar perdida sem saber como continuar, aí vem outra ideia de algo mais interessante. No fim da história tem várias coisas começadas e nada terminado. Tudo bem, alguém tem que começar alguma coisa..rs..rs..terminar é outra história. Como disse Quiroga: "breve"..rs...

Lau Milesi disse...

Muuuito bom, Ana!!! Continue "remexendo" nesse "note". Imagino o que ainda virá...Parabéns!!!
Um beijo

Paulo Tamburro disse...

Você irá conseguir editá-lo, apesar de estarmos num país que valoriza a mediocridade e opsição ao talento.

Torço para que isto seja breve.

Voltarei sempre e com bastante calma!

Serei seu seguidor, e meus parabéns.

Ana Lucia Sorrentino disse...

Deus te ouça, Paulo! Obrigada pela visita! Apareça sempre!

Beeijos!!!

Analú :)

Luísa Nogueira disse...

Ana, pela 'introdução' será um ótimo livro que lerei com prazer! Disse 'será' porque, tenho certeza, você o escreverá!
Um carinhoso abraço!
Luísa

Ana Lucia Sorrentino disse...

Obrigada pela força, Ana! Com esse tipo de estímulo continuarei mesmo a escrever sempre!
Beeeijos!!!!!!

Analú