sábado, 17 de outubro de 2009

Poesia - Números

Eu tento falar de coisas tão minhas
e ele pega a calculadora, na gaveta.
Seus dedos digitam números
que parecem resolver tudo.
Números contra a monotonia,
o tédio, a mesmice.
Comento as gracinhas do bebê,
as artes do maiorzinho,
pergunto se a comida está boa,
faço qualquer fofoca à toa...
e ele voa.
Viaja o tempo todo.
São seus planos,
seus ganhos ou não ganhos,
seu tempo, seus negócios...
É o horário,
sua performance,
sua chance.
Dinheiro é o grande lance.
Com ele andaríamos pelo mundo,
nos aventuraríamos...
Sei não...
Não sei se cheios da grana
seríamos mais amigos,
ou iríamos mais pra cama...

(Esta poesia faz parte da coletânea Alento - 2007)

4 comentários:

Vanessa disse...

Os números não medem tudo na vida..rs..especialmente os momentos mais marcantes! rs..

argumentonio disse...

números inúmeros nos obrigam a grandes números

ouvimos demasiado: na hora da verdade, são os números que contam

é a accountability, a quantificação, o bottom line, em busca de taxas maiores de rentabilidade ou, prosaicamente, para pagar a renda da casa no fim do mês

porém, uma vida inteira a dinheiro contado, ganho, poupado e gasto e... na hora da verdade, mesmo, o que conta afinal?

os números são apenas mais um número na representação com que levamos a vida, pois o mais precioso, mesmo, é pura e simplesmente inquantificável, sejam nós na garganta perante as perplexidades que nos reduzem a ínfimo átomo, a poesia que recebemos e damos na transformação da existência em perfeita alegria ou os afectos e amores que, fugazes que sejam, valem pela vida inteira

o resto são apenas números

;->>>

Edi Ruth disse...

...ou...pra mais camas??? rsrs

Ana Lucia Sorrentino disse...

Rsrsrs... Tá afiada hoje hein, Edi? rsrs...

Beeeijos!!! :)